«Despertar noutro ser humano poderes e sonhos além dos seus; induzir nos outros um amor por aquilo que amamos; fazer do seu presente interior o seu futuro; eis uma tripla aventura como nenhuma outra. (..) Uma sociedade como a do lucro desenfreado, que não honre os seus professores, é uma sociedade defeituosa.» (George Steiner) |
Metodologia de Análise do Texto e do Discurso
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Diploma de Primeiro Ciclo em Ciências da Comunicação
Diploma de Primeiro Ciclo em Comunicação Aplicada,
Marketing, Publicidade e Relações Públicas
(Disciplina comum às duas Licenciaturas adaptadas Proc. de Bolonha)
(Semestral: 2006/2008)
Acrónimo: COM1106
Tipologia: Teórico-Prática, Semestral /Precedência: NTP /N de ECTS: 6
Âmbito: Aplicar a reflexão textológica à análise prática de textos e discursos comunicacionais variados. Aplicação das regras formais e práticas inerentes a uma qualquer investigação hermenêutica.
Competências Adquiridas: Capacitar os alunos para uma abordagem textológica por referência à constituição do «círculo hermenêutico» e a uma sua (re)formulação com base numa perspectivação da noção de «autor/sujeito hermenêutico» e de «crítica» (versus «crítico»). Capacitar para a noção de «texto» e de «autor» por relação com as tentativas de se superar a distinção entre «compreensão/explicação».Capacitar para uma reflexão comparativa entre os modelos diacursivos de escrita e de imagem.
Introdução
I- Diacronia dos conceitos de discurso e de texto.
a) A especificidade histórico-linguística da experiência humana.
b) O “dever da palavra” nas sociedades arcaicas.
c) O discurso humano enquanto construção do/contra o poder.
d) Crise das sociedades orais e disseminação da cultura escrita.
e) A passagem das estruturas míticas às estruturas discursivas da cultura ocidental. A linguagem como História.
f) A aparição do dispositivo tipográfico. O discurso da Lei.
I. O sujeito como instância hermenêutica
Introdução: Hermes, hermeios, hermeneia, hermeneuein
a) Conceito(s) de Hermenêutica
b) Sujeito da Interpretação: O que é «interpretar»?
c) A estrutura da compreensão e o círculo hermenêutico em Schleiermacher
d) A interpretação como exercício lúdico: interpretação/expressão
e) A tradução como acto da compreensão prospectiva
f) A noção de «crítica»: Crítica e comentário
II- A pergunta pelo autor
a) Michel Foucault:Do estatuto de autor à «ordem do discurso».
b) Marcas textuais do autor.
c) O desaparecimento do autor (Barthes).
III. Da «Morte do Autor» ao Texto
• O que é um TEXTO?
• Qual é o TEXTO?
• A Escrita e Re-escrita: ou a Leitura como trabalho significante
BIBLIOGRAFIA
A lista aqui apresentada constitui a espinha dorsal do programa da cadeira, constituindo a bibliografia básica em que se fundamenta cada um dos módulos temáticos abordados. No decorrer do curso serão indicados, aos alunos, outros textos (alguns deles, de comentário nas aulas) que perspectivem um aprofundamento de algumas matérias leccionadas. Os textos indicados com um asterisco são de leitura obrigatória e comentados nas aulas.
A- Textos de leitura obrigatória:
BARTHES, Roland, O Rumor da Língua, Lisboa, Edições 70, 1984 (cap. II «Da Obra ao Texto», pp. 47-84).
FOUCAULT, Michel, L’ Ordre et le Discours (leçon inaugurale ai Collège de France prononcée le 2 décembre 1970), Paris, Gallimard, 1989 (livro completo).
• O que é um Autor?, Lisboa, Vega, 1992 (completo).
TEIXEIRA, Luís Filipe B., Hermes ou a Experiência da Mediação (Comunicação, Cultura e Tecnologias), Lisboa, Pedra de Roseta-Edições e Comunicação, Lda, 2004 (livro completo)
RICOEUR, Paul, Do Texto à Acção: Ensaios de Hermenêutica II, Porto, Rés, s.d. («O Que é um Texto?», pp. 141-162)
B. Textos complementares:
AA. VV., Encyclopaedia Universalis, «Herméneutique», vol. 8, Paris (1968) 1973, pp. 365-366; «Interprétation», vol 9, Paris (1968) 1973, pp.30-31.
ADAM, Jean-Michel e Revaz, Françoise, A Análise da Narrativa, (“Memo”), Lisboa, Gradiva, 1997.
ARISTÓTELES, Poética, 2ª ed., Lisboa, Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 1990.
BARTHES, Roland, Mitologias, Lisboa, Edições 70, s.d.
• O Prazer do Texto, Lisboa, Edições 70, 1973.
• Ensaios Críticos, Lisboa, Edições 70, 1977 («As Duas Críticas», pp. 339-346; «O que é a Crítica?», pp. 347-354).
• O Óbvio e o Obtuso, Lisboa, Edições 70, 1984 (cap. I «A Escrita do Visível», pp. 13-198).
• A Aventura Semiológica, Lisboa, Edições 70, 1987 «A Análise Estrutural da Narrativa», pp. 203-265.
• Crítica e Verdade, Lisboa, Edições 70, 1987 («A Crise do Comentário», pp. 46-49; «A Língua Plural» pp. 49-55; «A Crítica», pp. 62-73).
• Lição, Lisboa, Edições 70, 1988.
• O Grau Zero da Escrita, Lisboa, Edições 70, 1989.
BELSEY, Catherine, A Prática Crítica, Lisboa, Edições 70, 1982.
BENJAMIN, Walter, Sobre Arte, Técnica, Linguagem e Política, Lisboa, Relógio d’Água, 1992 («O Narrador», pp. 27-57; «O Autor enquanto Produtor», pp. 137-156).
ECO, Umberto, Leitura do Texto Literário – Lector in Fabula, Lisboa, Presença, 1983 («O Leitor Modelo», pp. 53-70).
• Conceito de Texto, São Paulo, I.A. Queiroz, 1984.
• «Sobreinterpretação dos Textos», in COLLINI, Stefan (dir.), Interpretação e Sobreinterpretação, Lisboa, Presença, 1993, pp. 46-61.
• «Entre Autor e Texto», in COLLINI, Stefan (dir.), Interpretação e Sobreinterpretação, Lisboa, Presença, 1993, pp. 63-80.
ELIADE, Mircea (1963), Aspectos do Mito, Lisboa, Ed. 70, s/d.
ELIOT, T.S., «Criticar o Crítico» in Ensaios Escolhidos, Lisboa, Cotovia, 1992, pp. 233-246.
FOUCAULT, Michel, Nietzsche Freud e Marx, Lisboa, Rés, 1975.
• As Palavras e as Coisas, Lisboa, Edições 70, 1988 («As Quatro Similutudes», pp. 73-85; «A Escrita das Coisas», pp. 90-99; «Crítica e Comentário», pp. 131-145).
GADAMER, «Le Problème Herméneutique» in Archives de Philosophie, 33, 1970, pp. 3-27.
GREIMAS, A. J., Semântica Estrutural — Pesquisa de Método, São Paulo, Editora Cultrix, s.d.
GUSDORF, Georges, A Palavra, Lisboa, Edições 70, 1995 («Comunicação», pp. 55-60; «Expressão», pp. 61-67; «A Autenticidade da Comunicação», pp. 69-85).
LÉVI-SRAUSS, Claude, Anthropologie Structurale, 2 vols., Paris, Plon, 1973 e 1974 (vol. I, chap. XI «La Structure des Mythes», pp. 227-255; vol II, chap. «La Structure et la Forme: Réflexions sur un Ouvrage de Vladimir Propp», pp. 139-173).
MAINGUENEAU, Dominique, Analyser les Textes de Communication, Paris, Dunod, 1998.
PLATÃO, Crátilo: Diálogo sobre a Justeza dos Nomes, Lisboa, Sá da Costa, s.d.
PLATÃO, Górgias, O Banquete, Fedro, (“Biblioteca Integral Verbo”), Lisboa, Verbo, 1973.
PROPP, Vladimir, Morfologia do Conto, Lisboa, Veja, s.d. («História do Problema», pp. 37-56; «Método e Matéria», pp. 56-63).
• «As Transformações dos Contos Fantásticos» in Teoria da Literatura, vol. II, Lisboa, Edições 70, 1989, pp. 109-137.
• Édipo à Luz do Folclore – Quatro Estudos de Etnografia Histórico-Cultural, Lisboa, Vega, s.d. («Édipo à Luz do Folclore», pp. 115-175).
RICOUER, Paul, De L’Interprétation. Essai sur Freud, Paris, Seuil, 1965.
• Hermeneutic and Human Sciences, John Thomson (org. e trad.), Cambridge, Cambridge Univ. Press, 1981,
• Do Texto à Acção: Ensaios de Hermenêutica II, Porto, Rés, s.d. («Explicar e Compreender», pp. 163-183; «O Modelo do Texto: A Acção Sensata Considerada como um Texto», pp. 185-212).
• Teoria da Interpretação, Lisboa, Edições 70, 1987, («Explicação e Compreensão», pp. 83-99).
SCHOLES, Robert, Protocolos de Leitura, Lisboa, Edições 70, 1991.
STEINER, George, Depois de Babel: Aspectos da linguagem e tradução, Lisboa, Relógio d’Água, 2002 [sobretudo: cap. 1: «Compreender é traduzir», pp.25-77; e cap. V: «O movimento hermenêutico», pp. 335-465]
TEIXEIRA, Luís Filipe B., Obras de António Mora, de Fernando Pessoa: Edição e Estudo, edição crítica dos textos de António Mora-Fernando Pessoa transcritos, organizados e anotados por Luís Filipe B. Teixeira, Obras Completas de Fernando Pessoa, vol. VI, Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, col. «Série Maior», 2002 [«Introdução»]
— «Filologia vs Filosofia», in Pensar Pessoa: A dimensão filosófica e hermética da obra de Fernando Pessoa, Porto, col. «O mocho de papel», Lello Editores,1997, pp.177-193.
— O nascimento do Homem em Pessoa: A heteronímia como jogo da demiurgia divina, Lisboa, col. «Cosmovisões», Edições Cosmos, 1992 (II.1. «O trágico pessoano: Da consciência agónica ao jogo do desassossego», pp. 59-72)