«Mais do que qualquer outra invenção singular, a escrita transformou a consciência humana» (Walter Ong) |
O nascimento do Homem em Pessoa
Em 1994 editei, a abrir a nova colecção "Cosmovisões" (por mim dirigida), o texto, devidamente revisto, que serviu de base à minha dissertação de Mestrado em Filosofia e em que trato das relações entre a "origem da tragédia grega" e a origem da "tragédia heteronímica".
Essencialmente, tratou-se de investigar, partindo do que escreve Fernando Pessoa na sua célebre carta a Casais Monteiro acerca da "génese heteronímica" (entendida aqui, em termos de pressuposto teórico, como "génese da génese heteronímica"), o problema da dimensão orgânica da heteronímia, investigando até que ponto é que se pode afirmar ter a heteronímia uma origem ditirâmbica, recorrendo, para isso, quer directamente ao teatro grego (e, em especial, à figura de Dioniso e ao papel do coro nele), quer aos apoios de personagens tão diferentes (e por isso mesmo tão iguais) como Nietzsche, Cassirer, Shakespeare e Artaud.
Sem dúvida que essa investigação representa o primeiro passo de uma outra que terá por base um Pessoa, já não sub specie interioritatis, mas antes sub specis aeternitatis, isto é, no registo do transcendentalismo.
© Edições Cosmos e Luís Filipe B. Teixeira, Outubro de 1992
Dep. Legal Nº 54532/92 - ISBN 972-9170-88-6
Índice
Introdução
I. A "via das máscaras": A heteronímia no contexto anagógico da consciência
1. As máscaras da heteronímia e a heteronímia das máscaras
2. A origem cultual do jogo e a ludicidade simbólica das máscaras
NotasII. Sub specie interioritatis. A génese orgânica da heteronímia: a origem ditirâmbica da tragédia heteronímica
Introdução: O problema trans-histórico e fenomenológico do conceito de "origem"
1. O trágico pessoano: da consciência agónica ao jogo do desassossego1.1. O "coro" heteronímico e o coro trágico
1.2. O dionisismo do processo heteronímico: Pessoa à luz de Nietzsche
1.3. A "quadrifonia" heteronímica como evolução da forma (simbólica) mítico-religiosa: Pessoa à luz de Cassirer2. O teatro alquímico da existência: o histerismo ditirâmbico e a histero-neurastenia pessoana
2.1. A mediunidade e a definição do génio lírico como histérico (Shakespeare)
2.2. As metamorfoses ctónicas de Dionysos Ludens (Plutão): O xamanismo iniciático e a via transcendental
2.3. A auto-revelação do Eu-próprio feito Outro. A Mimésis e a Kátharsis heteronímicas: O "criador de mitos" e o homem de génio (Erostratus)
NotasConclusão
Bibliografia Pessoana
1. Bibliografia de Fernando Pessoa
1.1.Poesia
1.2.Prosa
2. Bibliografia críticaBibliografia Geral
Adenda: "O 'Espírito da Utopia' como paradigma pessoano"